27.8.08

2º encontro

Foi então que ouviu um toque leve na porta, uma espécie de sussurro de alguém que chegava. Abriu e viu a imagem de uma rapariga que sorria para esconder a saudade. Disse-lhe que entrasse, que se sentasse, se queria um café...
E então percebeu que se tratava de um engano. Não havia ali mais ninguém senão ela e a sua solidão.

26.8.08

livre-arbítrio

O livre arbítrio é um direito que assite ao ser humano. O direito de escolher, tudo e mais alguma coisa, menos o sítio onde nasce e a razão para tal.
Já várias vezes me questionei a respeito dos laços de sangue, esse conceito que por questões morais nos obriga a suportar as maiores dores e sempre a tentar solucioná-las porque pensamos que seremos mais felizes se seguirmos a ordem lógica das coisas... se tudo voltar (supostamente) ao seu lugar.
Já várias vezes dei por mim a lamentar a indiferença, os gestos irreflectidos ou arquitectados por aqueles de quem esperava um afago.
Vistas bem as coisas, talvez nunca tenha pertencido ao lugar onde nasci...porque nada encontro nos olhares que agora me restam que me faça lembrar que estou em casa.

14.8.08

1º encontro

O sofá estava abandonado a um canto da sala a meia-luz. Contornos e sombras dançavam nas paredes em tons pastel, ao ritmo das chamas que consumiam as velas, escassas e cansadas de arder por motivo nenhum. Só uns ténues acordes de jazz no gira-discos lembravam que estivera ali alguém. E ela continuava à espera de saber o que fazia ali, afinal.