28.7.09

resposta

"O segredo da existência humana reside não só em viver mas também em saber para que se vive".
Dostoievski

20.7.09

margem

De pés descalços e pele tisnada pelo sol, ele percorreu cada grão de areia com um punhado de ideias na cabeça e as mãos cheias de coisas nenhuma.
Fitou a linha do horizonte - tão plana quanto os últimos dias - e viu ao longe um barco pesqueiro que lhe pareceu ser o porto de abrigo mais seguro naquele temporal de emoções que se avolumavam à velocidade com que as ondas apartavam na orla daquela praia deserta.
Num laivo de fantasia, de desespero, de esperança... percorreu o mar com o olhar em busca de uma mensagem - mesmo que a garrafa já estivesse fora de moda -, de um qualquer sinal do caminho a seguir, de uma pequena orientação sem bússola, sem paradeiro, mas com um fim...
Era um náufrago na sua própria vida. Um passageiro perdido em marés de gente que partiu e não voltou. Um marinheiro sem cais. Simplesmente um homem.

14.7.09

porquê?

Onde estão os devaneios de criança que nos ocupavam as tardes com personagens fictícias, enredos harmoniosos e frenesis incontroláveis?
Quando foi que caímos do trapézio sem rede para nos amparar? Quando foi que descobrimos a lei da gravidade e a gravidade da lei?
Quem foi que nos ensinou a questionar - muito para além dos "porquês" - todas as coisas do mundo? Quem foi que nos contou a verdade? Quem nos enganou?
Estamos tão presos a tantas perguntas que nos esquecemos da liberdade que temos para sentir, à margem de qualquer regra, aquilo que nos aprouver. Estamos tão preenchidos de ideias que nos sentimos vazios só pela falta de um gesto.
Gastamos tantas palavras que nos esquecemos que o silêncio pode dar respostas. Como da primeira vez. Como se fosse a última. Como nós quisersmos, se quisermos, se pudermos.