20.7.09

margem

De pés descalços e pele tisnada pelo sol, ele percorreu cada grão de areia com um punhado de ideias na cabeça e as mãos cheias de coisas nenhuma.
Fitou a linha do horizonte - tão plana quanto os últimos dias - e viu ao longe um barco pesqueiro que lhe pareceu ser o porto de abrigo mais seguro naquele temporal de emoções que se avolumavam à velocidade com que as ondas apartavam na orla daquela praia deserta.
Num laivo de fantasia, de desespero, de esperança... percorreu o mar com o olhar em busca de uma mensagem - mesmo que a garrafa já estivesse fora de moda -, de um qualquer sinal do caminho a seguir, de uma pequena orientação sem bússola, sem paradeiro, mas com um fim...
Era um náufrago na sua própria vida. Um passageiro perdido em marés de gente que partiu e não voltou. Um marinheiro sem cais. Simplesmente um homem.

1 Comments:

Blogger Alex said...

Há textos que conseguem formar imediatamente na nossa mente uma imagem...este, para mim, é um exemplo perfeito disso.

21 de julho de 2009 às 16:43  

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